As crianças da primeira infância, de 6 a 11 anos, transmitem pouco o novo coronavírus nas escolas. Essa constatação é resultado de um estudo realizado pelo Instituto Pasteur, da França, e divulgado nesta semana. Uma notícia que pode ajudar a tranquilizar os pais, apreensivos pela volta às aulas presenciais neste cenário de pandemia.
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“No geral, os resultados desse estudo são comparáveis às conclusões de outras análises feitas em outros países, que levam a entender que as crianças de 6 a 11 anos são infectadas mais no meio familiar do que na escola. A principal novidade é que as crianças infectadas não transmitiram o vírus para outras crianças nem para os professores e funcionários dos estabelecimentos escolares”, explicou Arnaud Fontanet, principal autor do estudo, responsável pela unidade de Epidemiologia das Doenças Emergentes do Instituto Pasteur.
O estudo do Instituto Pasteur foi realizado em seis escolas do ensino primário em Crépy-en-Valois, em Oise, região francesa duramente afetada pela pandemia de coronavírus entre fevereiro e março. Ao todo, 1340 pessoas – sendo 510 crianças – foram submetidas a testes de detecção de anticorpos. Os resultados dos exames apontaram que 139 pessoas (81 adultos e 58 crianças) haviam sido infectadas pelo novo coronavírus em algum momento, uma proporção de 10,4% da população estudada e de 8,8% se considerados apenas os estudantes.
Três crianças se contaminaram antes do fechamento das escolas na França. Segundo a conclusão do estudo, esses casos não deram origem a casos secundários entre outros alunos ou funcionários. Entre os professores, apenas três de 42 pessoas estudadas contraíram o vírus, uma proporção de 7.1%.
O estudo também constatou que 41,4% das crianças infectadas (24 de 58) não apresentaram sintomas. Para efeito de comparação, os casos assintomáticos entre os adultos foram de apenas 9,9% (8 de 81). As crianças desenvolvem formas leve da doença, apenas diarreia e cansaço foram as manifestações clínicas observadas decorrentes da covid-19.
“Este estudo também confirma que, na maioria das vezes, crianças pequenas, quando infectadas com o novo coronavírus, não desenvolvem sintomas da doença ou apresentam sintomas leves. Os sinais muito característicos de perda de paladar e olfato nunca foram observados em crianças menores de 15 anos, embora tenham sido relatados por metade dos adultos”, acrescentou Bruno Hoen, também autor do estudo e diretor de pesquisa médica no Instituto Pasteur.
Sintomas leves
A constatação de que crianças apresentam sintomas leves da doença corrobora as conclusões de um estudo de pesquisadores britânicos publicado no periódico científico The Lancet Child & Adolescent Health, nesta quinta-feira (25). Segundo ele, as mortes por covid-19 em crianças são muito raras. Os pesquisadores do Instituto Great Ormond Street de Saúde Infantil da Universidade College London, no Reino Unido, analisaram 582 crianças e adolescentes, com idade entre 3 dias a 18 anos, da Europa. É o estudo mais abrangente sobre a doença em crianças até o momento.
Os pacientes analisados no período entre 1 e 24 de abril vieram de 82 instituições de saúde especializadas em 25 países europeus. Os resultados mostraram que 62% dos jovens pacientes precisaram ser internados no hospital e cerca de 8% precisaram de terapia intensiva, sendo que apenas 25% tinham condições médicas pré-existentes. A febre foi o sintoma mais comum entre crianças e adolescentes (65% dos pacientes). Entre os pacientes que foram internados, poucos (13%) precisaram de oxigênio e menos de um em cada dez necessitou de tratamento em terapia intensiva.